quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Vento

Ah Vento!

Baforando o som zombeteiro de liberdade, batendo forte na porta da madrugada, lascivo, potente.

Solapando paredes, infiltrando-se nas almas incautas.

Pégasus do tempo, Dom Quixote apaixonado vagando pela noite dos insones,

Capturando sonhos soprando ao longe!

Ah vento! vadio, cheio de graça, cantando pelas calçadas, arrastando todas as poeiras de pensamentos ocultos nos cantos sagrados da desgraça!

Ah vento, desafiador, magistral, senhor absoluto da sua vontade.

sem dono nem amarras, sem idas nem vindas, simplesmente solto seguindo à toa, margeando praias, arbustos, janelas, vontades.....

Vento, vento como puta de estrada esgueirando a madrugada

A observar tudo desordenado ao redor da sua graça!


Marcia Drimus

26/10/2011

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Amarras

Estar enclusurado dentro de si é a pior das prisões! Liberte-se dos grilhões da culpa, das amarras da tristeza e da chibata da consciência.
Vivr liberta é o que nos faz aprender a limpar, perdoar, crescer e CONVIVER!

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

lembrança

Quando a morte vier trazer o meu último suspiro, nele estará contido os meus devaneios.
O meu corpo exalará o perfume que a sua lembrança terá de mim.
e se você chorar no meu túmulo só molhará a saudade que tantas vezes senti com a sua ausência.
E quando me tornar parte da terra que me engolirá e dela brotar alguma flor, esta será a forma que tomarei para retornar a vê-lo!
colha-me, me trate com desvelo, com cuidado e eu me tornarei de novo imortal dentro do seu carinho!
Marcia Drimus
10/10/2011

O, A

O, A

É o vermelho sobre as rodas

Voraz devora o asfalto.

É a pausa, o reconforto.

As frases, o riso, o simples.

O semáforo,

O volante, seguro firme pela mão possante.

O freio, a calma, o receio.

O ego, a convenção, a placa, a conversão.

A noite, as estrelas, piscando de lá ou adiante.

O certo, o incerto.

Os olhos escuros, castanhos, encantos tamanhos.

O judô, os golpes, o estranho.

O charme, o cigarro, a fumaça parada em estranhos volteios,

Consumida pelo pulmão engasgado da cidade.

A imortalidade!

A sorte, a loteria,

A vida!

O nada, a alegria.

O tudo, a morte!

O livro,

O gigante, o herói, o deus, o implicante.

O conhecido, o convencido, o incrível!

O canto, o grito.

O acessível.

A angústia, o repleto,

O vazio, a frustração.

O lobo, a argúcia,

O tempo inquieto...

O teto.

A marca, o filme.

A operação, o sangue,

A contramão!

A órbita, a lua,

A pele, o arrepio...

O triste, o só, mas arredio!

O dia a dia, o depois,

O nunca...

A confusão, o desaforo,

O uso, o abuso, a comiseração.

Os números infinitos, intolerantes!

O imposto, o crédito,

A descrença!

A rosa, a cruz, a seita.

A metalúrgica, a alumínio,

A sociedade, o declínio.

A absorção, a dissonância!

O som estridente, a raiva contida entre os dentes!

A concordância, a passividade.

O encanto, a poesia.

O copo, a espuma fria.

O filho, a família;

A rebeldia.

O mando, a punição.

As línguas, a tradução.

O espaço, o avião,

Outras terras, a revolução.

O cão abanando a cauda,

O vento soprando a calma!

O escudo, o elmo, o corcel.

O susto, o desesperado.

O inocente útil, o fútil, o fanfarrão.

A bola, a rede.

O doce, a fome.

A falta, a sobra.

O dinheiro, a luta infame.

O hospital, o silêncio, o sangue.

O ponto final, a interrogação.

O mar, a maré...

A aflição!

O elevador, o escritório.

O extintor, o telefone, o atual, o anterior,

As revistas, os jornais, a publicidade e muito mais.

O sabonete, o bastonete.

O reconhecimento, o pranto.

O especialista, a gente, o urgente.

As ruas, as drogas, o instrumento.

O joguete, o satélite.A luz, o escuro, o beijo quase puro...

O abraço, o afago, as garras de aço!

O adeus, as quintas, as terças, sábados esporádicos.

O resumo.

A amizade.

O tumulo, a saudade!

Nereide Drimus

Azul

Azul

O céu está azul.

Eu por dentro estou azul.

O azul que ficou,

Foi você que deixou.

Este tom jamais irá esmaecer,

Pode o tempo em sua marcha maluca, confusa passar.

Podem outras cores pela tela da vida aparecer,

O azul que é a própria essência de mim,

Reencontrada mulher amadurecida, decidida,

Traça, marca para sempre.

Sou azul!

Vivo azul!

Sejam paisagens descoloridas que meus olhos vêem,

Sejam desertos áridos pisados pelos meus errantes passos,

Em mim, no meu ser, meu ego há o brando azul amigo.

Suave, o oásis da ternura, amparo do seu azul.

De tudo que já vivi e que viverei,

Tudo morre ou transforma-se!

Só é fixo, inabalável o azul.

Porque é esperança, força, fé,

Você!


Nereide Drimus

domingo, 9 de outubro de 2011

Sombra

a minha sombra é como um gato.
espichada pela parede, com bigodes largos e curiosos, cheirando novidades, escorregando
ladina pelos vãos.
capaz de ouvir segredos, ver milagres, sondar caminhos.
minha sombra é como um gato.
Negra de olhos vigilantes, inconstante, trêmula e desafiadora.
Matreira, sobe pelos cantos, observa pelo alto, destemida, cínica.
Minha sombra é como gato, vezes meiga, vezes arredia, some e aparece, zombeteira.
Minha sombra é como um gato, surge em 7 vidas e todas elas resumidas pela sombra do meu gato!

Marcia Drimus
09/10/2011

SENTIDO

o meu coração batia descompassadamente, atropelando o sentimento da minha alma.
De repente me veio a voz, como um grito esganiçado feito salto agulha, rasgando finamente os acordes da minha razão tão louca e insandecida...
E por mais uma vez me chegou o som, como trompetes tocados por anjos no cair da tarde, solenemente!
E dele me veio a lembrança, a saudade o perfume de coisas de infância, cheiro de capim doce e lavanda, o bolo quente de chocolate e o leite morno ao pé do fogão...
E meu corpo encontrou o alento, o sossego, morrendo no susurro do reocnhecimento da voz do meu eu!
Marcia Drimus
09/10/2011

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Lirios

Quero lírios,
lírios rosas, lírios brancos
envolvendo minha alma!
quero írios, salpicando de cores tênues a jornada a trilhar.
O branco da leveza do que me espera a desvendar.
Quero lírios, colhidos, trazidos por mãos gentis, a celebrar.
Celebração de vida, constatação de amor,
lírios amarelos, lírios campestres de sabores silvestres
Campinas, relvas, verdes campos onde tudo se pode olhar,
meus lírios do campo a me esperar!

Marcia Drimus