O, A
É o vermelho sobre as rodas
Voraz devora o asfalto.
É a pausa, o reconforto.
As frases, o riso, o simples.
O semáforo,
O volante, seguro firme pela mão possante.
O freio, a calma, o receio.
O ego, a convenção, a placa, a conversão.
A noite, as estrelas, piscando de lá ou adiante.
O certo, o incerto.
Os olhos escuros, castanhos, encantos tamanhos.
O judô, os golpes, o estranho.
O charme, o cigarro, a fumaça parada em estranhos volteios,
Consumida pelo pulmão engasgado da cidade.
A imortalidade!
A sorte, a loteria,
A vida!
O nada, a alegria.
O tudo, a morte!
O livro,
O gigante, o herói, o deus, o implicante.
O conhecido, o convencido, o incrível!
O canto, o grito.
O acessível.
A angústia, o repleto,
O vazio, a frustração.
O lobo, a argúcia,
O tempo inquieto...
O teto.
A marca, o filme.
A operação, o sangue,
A contramão!
A órbita, a lua,
A pele, o arrepio...
O triste, o só, mas arredio!
O dia a dia, o depois,
O nunca...
A confusão, o desaforo,
O uso, o abuso, a comiseração.
Os números infinitos, intolerantes!
O imposto, o crédito,
A descrença!
A rosa, a cruz, a seita.
A metalúrgica, a alumínio,
A sociedade, o declínio.
A absorção, a dissonância!
O som estridente, a raiva contida entre os dentes!
A concordância, a passividade.
O encanto, a poesia.
O copo, a espuma fria.
O filho, a família;
A rebeldia.
O mando, a punição.
As línguas, a tradução.
O espaço, o avião,
Outras terras, a revolução.
O cão abanando a cauda,
O vento soprando a calma!
O escudo, o elmo, o corcel.
O susto, o desesperado.
O inocente útil, o fútil, o fanfarrão.
A bola, a rede.
O doce, a fome.
A falta, a sobra.
O dinheiro, a luta infame.
O hospital, o silêncio, o sangue.
O ponto final, a interrogação.
O mar, a maré...
A aflição!
O elevador, o escritório.
O extintor, o telefone, o atual, o anterior,
As revistas, os jornais, a publicidade e muito mais.
O sabonete, o bastonete.
O reconhecimento, o pranto.
O especialista, a gente, o urgente.
As ruas, as drogas, o instrumento.
O joguete, o satélite.A luz, o escuro, o beijo quase puro...
O abraço, o afago, as garras de aço!
O adeus, as quintas, as terças, sábados esporádicos.
O resumo.
A amizade.
O tumulo, a saudade!
Nereide Drimus